Acidente Vascular Cerebral (AVC) 

O Acidente Vascular Cerebral, vulgarmente conhecido por AVC, é uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal e no mundo. Esta condição caracteriza-se pela interrupção do fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro, privando as células cerebrais de oxigénio e nutrientes essenciais. Quando isso acontece, as células afectadas começam a morrer em poucos minutos, o que pode resultar em danos cerebrais graves, perda de funções neurológicas e, em casos mais severos, a morte.


Classificação do AVC 

AVC Isquémico

Representa cerca de 80 a 85% dos casos. Resulta da obstrução de uma artéria cerebral, geralmente causada por:

  • Trombose cerebral – formação de um coágulo (trombo) numa artéria cerebral;
  • Embolia cerebral – quando um coágulo ou fragmento de placa aterosclerótica se desloca de outra parte do corpo (frequentemente do coração) até ao cérebro;
  • Doença dos pequenos vasos – lesões nos vasos mais pequenos, muitas vezes associadas à hipertensão crónica. 

AVC Hemorrágico 

Mais raro mas frequentemente mais grave, representa cerca de 15% dos casos. Ocorre quando um vaso sanguíneo no cérebro se rompe, provocando uma hemorragia. Subdivide-se em:

  • Hemorragia intracerebral – sangramento no interior do cérebro;

  • Hemorragia subaracnoideia – sangramento na superfície do cérebro, geralmente causado por ruptura de aneurisma.


AIT – Acidente Isquémico Transitório 

Conhecido como "mini-AVC", é causado por uma obstrução temporária do fluxo sanguíneo cerebral. Os sintomas desaparecem em menos de 24 horas, mas serve como um forte indicador de risco para um AVC completo no futuro.



Causas e Fatores de Risco 

O AVC não ocorre ao acaso. Está frequentemente associado a condições médicas e estilos de vida que podem ser modificados. Os principais fatores de risco incluem:

  • Hipertensão arterial (principal fator de risco);

  • Diabetes mellitus;

  • Dislipidemia (colesterol elevado);

  • Fibrilhação auricular e outras arritmias cardíacas;

  • Tabagismo;

  • Sedentarismo;

  • Obesidade;

  • Consumo excessivo de álcool;

  • História familiar de AVC;

  • Idade avançada.

A presença de múltiplos fatores aumenta exponencialmente o risco de ocorrência de um AVC.


Sintomas 

O AVC instala-se geralmente de forma súbita. Os principais sinais de alarme são:

  • Fraqueza súbita num braço, perna ou face, especialmente num dos lados do corpo;

  • Dificuldade em falar ou em compreender o que é dito;

  • Alterações visuais, como visão dupla ou perda de visão;

  • Perda de equilíbrio, coordenação ou capacidade de andar;

  • Dor de cabeça súbita e intensa, sem causa aparente.

Regra do RÁPIDO:

  • Rosto descaído;

  • Arma (braço) sem força;

  • Palavra arrastada ou incoerente;

  • Importante agir depressa;

  • Disque 112 de imediato.


Diagnóstico 

O diagnóstico de AVC é clínico e confirmado por exames de imagem cerebral, que permitem distinguir entre um AVC isquémico e um hemorrágico:

  • TAC (Tomografia Axial Computorizada) – primeira linha de diagnóstico;

  • RM (Ressonância Magnética) – mais sensível na deteção de lesões cerebrais precoces;

  • Exames complementares podem incluir ECG, ecocardiograma e análises ao sangue.


Tratamento 

O sucesso do tratamento do AVC depende muito da rapidez com que se inicia a intervenção médica.

AVC Isquémico:

  • Terapia trombolítica (rtPA) – administrada por via intravenosa até 4,5 horas após o início dos sintomas;

  • Trombectomia mecânica – remoção do coágulo por via endovascular (até 6-24 horas em casos seleccionados);

  • Tratamento de suporte – controlo da pressão arterial, glicémia, oxigenação e prevenção de complicações.

AVC Hemorrágico:

  • Controlo rigoroso da pressão arterial;

  • Intervenção cirúrgica em alguns casos (ex. evacuação de hematomas, clipagem de aneurismas);

  • Cuidados intensivos neurológicos.


Reabilitação e Recuperação 

A reabilitação após um AVC é um processo contínuo e multidisciplinar. Pode incluir:

  • Fisioterapia – para recuperar força, equilíbrio e mobilidade;

  • Terapia da fala – para recuperar funções linguísticas e de deglutição;

  • Terapia ocupacional – para readquirir autonomia nas atividades do dia a dia;

  • Acompanhamento psicológico – para lidar com o impacto emocional e cognitivo.

Cada caso é único, e a recuperação depende da extensão da lesão cerebral, da rapidez de intervenção e da motivação do doente.


Prevenção 

A maioria dos AVCs pode ser prevenida com mudanças no estilo de vida e controlo rigoroso das doenças associadas:

  • Controlar a tensão arterial e o colesterol;

  • Adotar uma dieta equilibrada, como a dieta mediterrânica;

  • Praticar exercício físico regularmente;

  • Evitar o tabaco e o consumo excessivo de álcool;

  • Controlar a diabetes;

  • Aderir corretamente à medicação prescrita;

  • Fazer check-ups regulares;


Conclusão 

O AVC é uma emergência médica e uma das principais causas de incapacidade em Portugal. A consciencialização sobre os sintomas, a prevenção e a intervenção rápida são fundamentais para salvar vidas e melhorar o prognóstico. A luta contra o AVC começa com a informação e continua com escolhas de vida saudáveis, acompanhamento médico adequado e, quando necessário, uma abordagem terapêutica e de reabilitação bem estruturada. 

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